Um dia de esperança
Fabio Arruda Mortara (*)
O
Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, instituído pela ONU, nessa data, em
1972, na Conferência de Estocolmo, tem forte correlação com a cadeia de valor
da comunicação impressa, cujo fluxo produtivo é alinhado aos mais
contemporâneos preceitos ecológicos. Tal sinergia, em especial no Brasil, onde
o papel é integralmente produzido a partir da madeira de florestas plantadas,
começa nas árvores, estas incansáveis combatentes na guerra contra o
aquecimento da Terra.
Em
nosso país, segundo a IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), há 7,74 milhões de
hectares de florestas plantadas de eucalipto, pinus, acácia, araucária, paricá
e teca. Trinta e quatro por cento destinam-se à produção de celulose e papel. É
aí que a indústria gráfica começa a se agregar na cadeia da proteção ambiental.
Essa expressiva cobertura vegetal sequestra 1,69 bilhão de toneladas de dióxido
de carbono da atmosfera, contribuindo, assim para mitigar o efeito estufa. O
viés ecológico das gráficas manifesta-se, também, em processos industriais cada
vez mais marcados pela produção limpa, tintas sem chumbo, economia e reúso da
água, utilização das aparas de papel e reciclagem.
Contudo,
essa história não termina aqui, pois a pauta ecológica não é isolada,
inserindo-se na questão mais ampla da sustentabilidade, com vistas a um
processo de desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e
ambientalmente correto. Nesse contexto, a indústria gráfica também tem presença
marcante. No Brasil, são mais de 20 mil empresas, que empregam cerca de 200 mil
pessoas, contribuindo vigorosamente para a inclusão socioeconômica, fomento do
nível de atividade e redução das disparidades sociais.
Bem,
agora já poderíamos terminar por aqui este artigo alusivo ao Dia Mundial do
Meio Ambiente, não fosse mais uma questão relevante: a importância do
empoderamento da sociedade por meio da democratização do conhecimento e do
acesso à informação. Afinal, nada contribui mais para a sustentabilidade do que
uma população de seres pensantes, conscientes e capazes de transformar os sete
bilhões de terráqueos numa sociedade global civilizada, pacífica e devidamente
contemplada por segurança alimentar, saúde, educação, moradia e saneamento
básico.
Tais
metas sintetizam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda da
ONU para o período 2015/2030, voltada a concretizar aqueles anseios básicos da
humanidade. Utopia? Sonho? Não! Se olharmos para a história, veremos que o
mundo, apesar de todos os problemas, foi ficando melhor, a cada século, no
tratamento às minorias, no combate à discriminação de gênero, étnica e
religiosa, na proteção à infância e à juventude, no uso das tecnologias para o
bem comum.
Livros,
jornais, revistas e cadernos, mídias do conhecimento, foram decisivos para
esses avanços. Hoje, os impressos também cumprem missão importante nos ODS,
atendendo ao Objetivo Número 12, referente à Produção e Consumo Responsáveis.
Pois bem, as informações contidas nos rótulos e nas embalagens de papel-cartão
são importantes subsídios para a orientação dos consumidores. A cadeia
produtiva da comunicação impressa seguirá contribuindo para mudar o mundo.
É para
difundir todo esse protagonismo do setor no contexto da sustentabilidade que
instituímos em nosso país, no ano de 2014, a campanha mundial Two Sides. A
iniciativa surgiu na Inglaterra e hoje está presente em 13 países europeus, nos
Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrália e Brasil. Aqui, o movimento
conta com 42 entidades signatárias, que congregam cerca de 80 mil empresas,
geradoras de 615 mil empregos diretos e faturamento anual de US$ 40 bilhões.
Temos,
portanto, motivos para comemorar, com responsabilidade e esperança, o Dia
Mundial do Meio Ambiente!
(*) é presidente do Sindicato
das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo e da Confederação
Latino-americana da Indústria Gráfica; coordenador do Comitê da Cadeia
Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem (Copagrem) da Fiesp e country manager
da Two Sides Brasil.
Ilustraçao: brasilescola.uol.com.br
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