Reflexões atualizadas sobre
“direita” e “esquerda”
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Gregorio Vivanco Lopes (*)
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Do ponto de vista ideológico e
político, os termos “direita” e “esquerda” apareceram durante a Revolução
Francesa de 1789, quando os membros da Assembleia Nacional se dividiam em
partidários da religião, do rei e da ordem, sentados à direita do presidente,
e os partidários da revolução igualitária e do ateísmo à sua esquerda.
Um deputado, o Barão de Gauville,
explicou: “Nós começamos a nos reconhecer uns aos outros: aqueles que
eram leais à religião e ao rei ficaram sentados à direita, de modo a evitar
os gritos, as imprecações e indecências que tinham rédea livre no lado
oposto.”
Ao longo das décadas os termos
“direita” e “esquerda” foram se adaptando para designar as metamorfoses
sofridas pelas novas orientações religiosas, ideológicas, sociais e políticas
que vieram se explicitando. Mas sempre conservando na raiz sua ligação com a
origem dos termos.
Século XIX:
Monarquia x República
Durante o século XIX, a “direita”
designava sobretudo os monarquistas, que tinham por evidente a ligação entre
monarquia e catolicismo, e que alcançaram enorme influência e apoio popular,
chegando quase a galgar o poder. O grande golpe contra essa corrente foi dado
pelo Papa Leão XIII, que instituiu a política do chamado “Ralliement”
(reconciliação), pela qual os católicos ficavam livres para apoiar a
República maçônica e igualitária da época, expressão política e ideológica da
“esquerda”.
Século XX: TFP e
“esquerda católica”
No século XX, os
herdeiros mais autênticos da Revolução foram os comunistas, que passaram a
ser designados como “extrema-esquerda”, enquanto seus homólogos socialistas,
distribuídos em diferentes gamas de densidade ideológica, representavam
diversos graus de “esquerdismo”, desde os socialdemocratas até os
anarquistas.
A “direita”
anticomunista exprimiu toda a sua autenticidade no movimento Tradição,
Família e Propriedade (TFP), fundado por Plinio Corrêa de Oliveira. Diluições
do “direitismo” foram representadas pelas várias formas da corrente
conservadora, como também da pró-capitalista, sendo presentes ainda no
panorama os remanescentes da posição monarquista.
Um fenômeno novo
nos arraiais da “esquerda”, ao menos enquanto força de influência, foi a
chamada “esquerda católica”, que trabalhou em favor da Revolução com muito
mais garra, inteligência e poder do que os comunistas e socialistas de todos
os matizes. Através de suas várias facetas – como as Comunidades Eclesiais de
Base e a Teologia da Libertação – e gozando de altos apoios na esfera
eclesiástica, a “esquerda católica” não só dispensou proteção aos
guerrilheiros e terroristas, mas tinha potencial para derrocar as
instituições em vários países da América Latina, com vistas depois a
influenciar a Europa e a Ásia. Não fossem as contínuas denúncias e a oposição
inteligente que lhe fez a TFP, a história das Américas hoje seria outra. Assim, embora a
“esquerda” tivesse provocado grandes e fundas devastações na religião, na
sociedade e na política durante o século XX, entretanto não conseguiu
alcançar seu objetivo maior, que era a imposição, como fato consumado, de sua
ideologia antinatural e anticristã aos povos e às nações. As resistências
foram grandes e o principal fator de penetração com que ela contava – a
“esquerda católica” – chegou ao fim do milênio muito avariada em seu
prestígio e sua influência.
Albores do século
XXI: o ecologismo
Com isso adentramos o século XXI.
Por necessidade de sobrevivência, mas também para dar um passo adiante nas
sendas da Revolução, a “esquerda” se metamorfoseou em ecologismo. Tal
metamorfose trouxe uma dupla vantagem para as hostes revolucionárias.
Primeiramente, ela se apresentava aos olhos dos povos como nada tendo a ver
com o comunismo e o socialismo, já muito desgastados. A Revolução, na sua
fase ecologista, deixou cair sua pele vermelha e revestiu-se de uma verde. De
outro lado – esta é a segunda vantagem – manteve desapercebidamente em seu
bojo todas as teses da esquerda mais radical, como sejam, resumindo, de um
lado o igualitarismo social e religioso, e de outro o miserabilismo
anticapitalista. A própria “esquerda católica” revestiu-se de verde, passando
a usar uma roupagem de catolicismo ecológico.
Hoje, os seguidores fiéis de Plinio
Corrêa de Oliveira se espraiam por numerosos países do mundo, em diversas
associações coirmãs, com uma atuação e uma repercussão impressionantes. No
Brasil, eles estão representados no Instituto Plinio Corrêa de
Oliveira. Importa ainda notar que a “esquerda”, mesmo tendo perdido muito de seu
elã e de sua influência junto ao público, entretanto conseguiu galgar
elevados postos, tanto no plano religioso quanto no temporal, o que significa
um trunfo não pequeno. Ainda estamos nos albores do século XXI. Como prosseguirá essa
batalha? Não sabemos. Mas o certo é que o almejado cumprimento das profecias
de Fátima pode mudar todas as regras do jogo. Outro capítulo ainda haveria para
tratar, importantíssimo e mesmo fundamental: o papel do “centro” nessa
batalha. Mas isso nos levaria longe demais.
Cristo sentado à
direita do Pai
Uma observação final se impõe.
Pode-se afirmar que a guerra “direita” x “esquerda” interessa ao Céu? Sobre
esse ponto, de capital importância, haveria muito a dizer. Como, porém, o
espaço que me é destinado vai chegando ao fim, limito-me a reproduzir um
testemunho do conhecido e conceituado teólogo dominicano francês Reginald
Garrigou-Lagrange (1877-1964). Ei-lo:
“Pessoalmente,
sou um homem de direita, e não vejo por que o haveria de esconder. Creio que
muitos daqueles que se servem da fórmula citada, fazem uso dela porque
abandonam a direita para se inclinar à esquerda, e querendo evitar um
excesso, caem no excesso contrário, como aconteceu em França nos últimos
anos. Creio, também, que é preciso não confundir a verdadeira direita com as
falsas direitas, que defendem uma ordem falsa e não a verdadeira. Mas a
direita verdadeira, que defende a ordem fundada sobre a justiça, parece ser
um reflexo do que a Escritura chama a direita de Deus, quando diz que Cristo
está sentado à direita do seu Pai e que os eleitos estarão à direita do
Altíssimo.” (http://www.pliniocorreadeoliveira.info/Cruzado0305.htm)
(*) é advogado e colaborador da ABIM
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segunda-feira, 11 de julho de 2016
Direita versus esquerda
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